terça-feira, 8 de março de 2011

Retalhos


É assim que todos terminamos. É assim que vivemos. Como uma colcha de retalhos, sim. Talvez já deva estar parecendo óbvio o meu raciocínio. Eu estava conversando com uma amiga um dia desses. Enquanto caminhávamos pela quadra, conforme a noite avançava sobre o céu laranja salpicado de lilás e as confidências ecoavam no que restava de luz do sol que se despedia, cheguei à seguinte conclusão: Todas as pessoas passam por nós deixando algo para e em nós, e levando algo de nós. Pessoas. Nascemos inteiros e logo nos primeiros segundos de vida já somos compartilhados. Sim, a uniformidade se desfaz, um pedaço de nós já está com alguém e um pedaço deste, em nós. Assim segue a vida, assim cada um vai deixando e juntando pedaços. É bem verdade que as vezes ficamos cheios de buracos vazios. Esses são preenchidos por faixas coloridas, quadrados floridos de um pano bonito, mas tudo a seu tempo. Porque mesmo os espaços vazios nos ensinam alguma coisa. Também é verdade que, as vezes, dói para costurar os pedaços novos; que, de vez em quando, os pedaços parecem feios ou inúteis, só pra descobrir, mais tarde, o tamanho do buraco que ele estava tapando. No fim, não temos uma cor ou uma estampa só. Compartilham experiências, tristezas, alegrias, maturidades, razões, confuzões, cinzas, renascimentos, emoções, amores, vidas. Pedaços. São esses pedaços que fazem de nós o que somos. Uniformidade é pra quem não viveu, quem não mudou, quem não fez diferença. Ainda há uma vida a se viver e muitos retalhos pra juntar, há buracos para tapar e deixar ser tapados. Seja. Viva. Compartilhe. Doe. Termine como a mais linda e diversa colcha de retalhos. Vamos ver quem consegue mais pedaços?

1 comentários:

Mariana Vianna disse...

Isso é o que realmente acontece em nossa vida.
Belíssima postagem.
Beijos!

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